
Ilustração de Leicia Gotlibowski
Pequena viagem de sentimentos inusitados
A mente chocalhou quando a árvore abraçou o ônibus.
Éramos passageiros engolidos por um novo mundo à parte.
Semelhante a um túnel negro cortado por luminosos pontos.
E mais focos de variadas cores chamativas e escarlates.
Impregnados neste inédito terreno de fantasia e curiosidade.
Cercados, éramos vagalumes em busca de conhecimento.
Até seres invisíveis virem na intenção de nos despir.
E de despertar nos abdômens aquela estranheza feito cócegas.
Constrangidos, preferimos retomar os conhecidos ares sérios.
Todavia perplexos neste universo de sentimentos inusitados.
Lembro-me de alguém agarrado à minha mão e de modo tímido sorrido.
Para assim respirar a emoção e, sem pressa, visitar minha libido.
Mas a derradeira luz se aproximou e estelar tomou o carro.
Fomos arremessados à avenida e novamente confundidos ao coloquial.
No meio de tanta pressa, ruído, cimento, todos isentos de argumentos.
Resignados ao simples, corriqueiro, movimentado, julgado e carnal.