
Ilustração de Pierre Pratt
O intruso
Ele entrou por uma porta até então ignorada.
Estavam todos ali apáticos à espera do nada.
Feito uma nova luz incidente por janela quebrada,
Ele veio ativar a energia há tempos desligada.
Algumas pessoas se levantaram e caminharam intimidadas.
Ainda havia o medo e a novidade era estranha e incomodava.
O primeiro a toca-lo gritou e deixou a pele arrepiada.
Já o segundo beijou seus pés e lamentou dor enquanto chorava.
O terceiro foi interrompido antes de sua tateada.
Ele disse não querer toques, apenas olhos, ouvidos e palavras.
Além de palavras, ações para suspender a inércia acomodada.
E buscar vida onde há pouco era cinza e a coragem ausentava.
E assim como no princípio, Ele sumiu veloz numa piscada.
E todos ficaram em pé numa sensação de alma pesada.
Era doído entender o simples, a resposta curta e derramada.
Era a culpa feito agulha no peito, a vergonha espetada.
O intruso resumia a força, o desejo e a ideia motivada.
Que nada mais o impedia, exceto a vontade de cada.
Ele era o indivíduo, o coletivo, a fé resgatada.
E era tão simples…
Bastava um sopro pra deixar a esperança despertada.
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